ENCONTREI A REPÚBLICA NUMA FEIRA

Encontrei a “República” numa feira de antiguidades e velharias. Naturalmente estou a falar da sua efígie. O dono da banca afiança que é uma peça antiga, do tempo da I República, elevando, assim, o seu valor monetário, ao mesmo tempo que lhe acrescenta o valor simbólico que um exemplar datado dos tempos fundacionais do nosso regime há-de necessariamente ter.

A figura de que falo é uma réplica em cerâmica da obra de Simões de Almeida (sobrinho), que, como sabemos, por sua vez se inspirou n `“A Liberdade Guiando o Povo”, de Eugène Delacroix.

A peça tem feições resolutas, o olhar sereno, confiança no Futuro, como todas as efígies da República. Acontece que a encontro numa feira de antiguidades, onde normalmente espreitamos fragmentos do passado. Então perguntei-me, como tantos outros: São estas as feições que queremos para a República no século XXI, ou devemos encontrar outra imagem para a representar?