“Ontem não será hoje…”
“Uma obra de arte transcende o seu tempo, a sua criatividade pertence ao homem, sem distinção de tempo ou lugar, a qualquer homem que sinta e imagine. No entanto, a imaginação não se esgota na criatividade, antes participa, a ela aderindo ou contra ela se revoltando, da vida da sua própria época. Por isso a arte transcende a História e, simultaneamente, participa nela. Não seria possível distinguir criticamente a criatividade de um artista sem conhecer completamente as suas condições históricas.” (Venturi, Lionello. ”História da crítica de Arte”. Edições 70. Lisboa. 1998. pp.295‐296).
A república implementada em Portugal no dia 05 de Outubro de 1910 teve como objectivo principal terminar com a monarquia e implementar a república. O que unia todos os que se oponham à monarquia era o desejo de: ‐ Modernização económica e social; ‐ Libertação da tutela estrangeira;
‐ Democratização politica e estabelecimento do sufrágio universal, isto é, do direito a votar todos os cidadãos;‐ Alargar o sistema escolar; ‐ Descentralização administrativa; O trabalho aqui apresentado condensa um grupo de imagens, valores e direitos apresentados pela 1a vez há 100 anos em Lisboa e divulgado por todo o pais. A 5 de Outubro de 1910, dá‐se esse momento de viragem, onde Portugal se torna o palco de grandes mudanças a nível politico e social. A monarquia é derrubada pela República, imagens que ilustram de forma incessante este centenário. Com a República vem o direito ao trabalho, à educação, aos direitos de saúde, e acima de tudo a um grito de mudança para com as politicas vigentes. Actualmente regressar à República através de um registo fotográfico é feito por um conjunto de imagens em que cada imagem tem dois registos. A intenção aqui expressa tem a ver com a carga de símbolos necessária para exprimir a República: A possibilidade de ter direitos civis e o grito de mudança e organização corporativa para derrubar o Poder/Governo vigente. A capacidade de grupos /massas populares mostrarem o seu desagrado pelas políticas de Estado. Imagens sobre os dias de hoje onde glorifica os tempos de glória de cada um dos espaços. Explorando formas de comunicação urbanas presentes em símbolos, desenhos e outros, apesar de inseridos num contexto urbano moderno têm semelhanças com as formas de comunicação primitivas. Contar uma história com as palavras e os símbolos. Um olhar critico sobre a sociedade moderna. Um simples registo para explorar a memória da identidade de todos nós, registando o presente sem entender por onde devemos começar e repensar o que está a ser questionado.